Trechos da Palestra da Socorro Gomes, Presidente do Conselho Mundial da Paz
em Atenas, Grécia, Julho/2008
1 – Companheiras e companheiros, camaradas e amigos. É uma grande honra saudá-los. De todo o coração desejamos os melhores êxitos, grandes vitórias ao povo grego em sua luta antiimperialista e antimonopolista, contra as políticas neoliberais e militaristas da União Européia, contra as ameaças de guerra nos Bálcãs e em toda a Europa, pela paz e a solidariedade entre os povos. Trazemos em nossos corações as esperanças e o espírito de luta do povo brasileiro e dos demais povos latino-americanos, em luta contra os planos neocolonialistas do imperialismo estadunidense.
2 – A humanidade vive um momento de encruzilhada trágica. O imperialismo estadunidense ameaça o mundo com sua política de guerra infinita e guerras preventivas. Sob o pretexto de combater o terrorismo, ataca povos e nações soberanas, semeia o terror de Estado, mutila a democracia, liquida a soberania nacional e viola o direito internacional.Vivemos uma era de insegurança e incerteza quanto à manutenção da paz mundial.
3 – Para manter seu domínio sobre o mundo e os privilégios dos seus monopólios, o imperialismo estadunidense, em rivalidade com outros imperialismos, reforça seu poderio militar. Atualmente, os gastos militares dos Estados Unidos giram em torno dos 500 bilhões de dólares, o que supera o total gasto pelos 10 maiores concorrentes. Suas bases militares estão espalhadas por todos os continentes, muitas delas com artefatos nucleares que poderiam provocar o extermínio da humanidade. Como demonstração do aumento desse curso militarista, há poucos dias os Estados Unidos relançaram a sua Quarta Frota Naval, que havia sido extinta logo após a segunda guerra mundial. Tal frota se destina, segundo o próprio Pentágono, a policiar as águas do Pacífico e Atlântico Sul contíguas à América Latina e o Mar do Caribe. Trata-se de uma tentativa de intimidar os governos democráticos e populares que em nosso continente levam adiante políticas patrióticas de resistência ao neoliberalismo e ao domínio imperialista na região.
4 – Os principais conflitos internacionais continuam em agravamento. No Iraque e no Afeganistão prossegue a ocupação militar, no quadro dos objetivos dos Estados Unidos e seus aliados de controlar os recursos energéticos e as rotas-chave entre a Ásia e o Ocidente. Na Palestina, não só se intensifica a ocupação israelense como aumenta o massacre de populações civis, como ocorreu recentemente na Faixa de Gaza, apesar das promessas de acordos de paz. Enquanto isso, os Estados Unidos e seu principal aliado na região, Israel, continuam provocando, desafiando e ameaçando de agressão a Síria e o Irã.
5 – Na América Latina, o imperialismo estadunidense prossegue o bloqueio a Cuba e intensifica suas ameaças ao governo antiimperialista de Hugo Chavez, da Venezuela. Através das classes dominantes internas tenta desestabilizar o governo popular de Evo Morales, da Bolívia, ameaçando o país de divisão. Reforça as posições do governo colombiano, seu principal aliado no continente, cuja demagogia e espetáculos midiáticos não são capazes de esconder a política de terrorismo de estado e suas notórias ligações com o paramilitarismo.
6 – Camaradas e amigos: o militarismo e as políticas de guerra estão a serviço da manutenção de uma ordem econômica injusta, responsável pela deterioração das condições de vida dos trabalhadores e pelo aumento das desigualdades entre países ricos e pobres. As políticas neoliberais e os ataques aos direitos sociais estão provocando o aumento do desemprego, da fome e da miséria.
7 – Ao mesmo tempo que denunciamos a ofensiva do imperialismo contra as nações soberanas e os povos, constatamos com alegria e esperança as grandes possibilidades de luta, resistência e vitórias dos povos em todo o mundo. No Iraque e no Afeganistão os imperialistas não conseguem concretizar plenamente os seus objetivos devido à resistência desencadeada nesses países ocupados. Na Palestina, o povo heróico continua resistindo ao banditismo do estado israelense e não renuncia ao seu objetivo histórico de conquistar seu Estado Nacional Independente. Na América Latina a luta antiimperialista se traduz momentaneamente na eleição de governos democráticos e populares. Na Europa, a par da luta social em crescimento, os planos imperialistas da União Européia esbarram na resistência dos povos a aceitar um chamado projeto constitucional abertamente neoliberal, militarista, federalista e anti-social. No continente africano multiplicam-se as lutas anticolonialistas e cresce o repúdio aos intentos intervencionistas das grandes potências.
8 – Camaradas e amigos:
O Conselho Mundial da Paz, que realizou a sua Assembléia em abril último na Venezuela, às vésperas de completar 60 anos de uma frutífera existência, reafirma o seu compromisso com a luta pela paz mundial, contra a ocupação de países pelos exércitos imperialistas, a militarização do planeta, as bases militares estrangeiras e a ameaça de guerra nuclear. Saímos da nossa Assembléia fortalecidos com a reafirmação do caráter antiimperialista da nossa organização e dotados de uma linha política e um plano de trabalho que nos credencia a desempenhar um destacado papel nas lutas antiimperialistas da atualidade. Lutamos por uma causa ampla, capaz de unir todos os homens e mulheres amantes da paz , da justiça e da liberdade. Estamos convencidos de que é possível unir amplas forças antiimperialistas na luta por esse nobre e elevado objetivo.
O Comitê Grego pela Paz e a Distensão sempre foi uma força destacada dentre as mais de cem organizações de cerca de 80 países que compõem o Conselho Mundial da Paz. Suas heróicas tradições que têm raízes na gloriosa história do povo grego serão para nós uma inesgotável fonte de inspiração e força na atividade do Conselho Mundial da Paz.
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